quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

tarde de sol

Lá ia ela com as carnes das coxas balançando por entre o short jeans, o sol de 4 da tarde destacando sua cabeleira loura e penetrando na vista fazendo suas pupilas encolherem, realçando o azul de seus olhos. Caminhava torto, maravilhada com o vento, olhando pra baixo intimidada pelos olhares ao redor. Nunca soube se gostava ou não deles...

Ouvia de vez em quando umas gracinhas sem graça, umas piadinhas irritantes, mas não se irritava. Decidiu mudar o rumo da caminhada, pegou um caminho maior só pra ver as folhas caindo das árvores, só pra enterrar as alpercatas na areia, só pra sentir a brisa fria no rosto, só pra ver crianças brincando, só pra ver passarinhos procurando migalhas, só para ver as formigas trabalhando arduamente na construção do formigueiro, só pra ver o vendedor de picolés destrocar uma nota grande, só pra ver o mendigo dormindo no banco, só pra ver o pipoqueiro sem pipoca, só pra ver o jardineiro paquerando a cozinheira da casa da frente, só pra ver os meninos jogando bola, só pra ver o lodo do lago, só pra ver o jornaleiro fumando cigarro, só pra ver o advogado passeando com o cachorro, só pra ver a menina levar uma queda da bicicleta, só pra ver o cimento seco com uma pegada presa, só pra ver o bebê tomando sol, só pra ver a babá conversando com o soldado, só pra ver o pai ensinado o filho a amarrar o sapato, só pra ver a natureza interagindo com o homem, só pra ver como as pessoas se tornam mais puras nesta hora da tarde, só pra ver, talvez, quem sabe, ... ele. E ele não estava lá.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Último dia de aula

Calçada. Chega Y. Chega Z. Chega W. Eu sou X.
Rua. rua. rua. buraco. rua. rua. rua. Ponto de ônibus.
Passa o ônibus:
- Abre a porta motorista!
- Abre (abre! abre!)!
- ABRE PORRA!
Abre a porta.
- Vai pra Boaviagi?
- Não, a parada é mais na frente.
- Brigadaê.

Rua. Rua. Rua. Avenida. Buraco. Rua. Parada. "CDU - Boa Viagem".

Entram todos. Roda a catraca. Todos de pé.
Meio-dia. Suor. Vermelhidão.
Assento livre. X senta.
Entra o Vendedor de Jujubas Crente. O Vendedor de Jujubas Crente faz discurso (ou pensa que faz). Casal de Lésbicas Estrangeiras se intimidam - descem do ônibus. O Vendedor de Jujubas Crente empurra jujubas para Z que lança seu olhar fulminante de reprovação.

Y pergunta ao cobrador onde desce:
- JunDo Motivo, fio, junDo Motivo.
Sol. rua. sol. carros.caminhões. motos. avenida. sol. sol. sol. sol. sol.
Motivo não passa. Y sugere descer ali mesmo. Todos descem.
anda. anda. anda. rua. avenida. atravessam. rua. avenida. rua. rua. rua. Posto de Gasolina - Smirnoff Ice: R$03,00.
W tira a camisa.

Anda. anda. anda. rua. rua. rua. avenida. avenida. Calçadão. sol. sol. coqueiros. musculação. anda. anda. anda. Areia quente. Pés vermelhos. Barraca à beira-mar. X, Z, W, e Y descansam. Sol ferve. Guaraná gelado para Y. Pés enterrados na areia.

Picolés. Óculos escuros. Cachorros-quente. Ananás. Camarão. Muitos e muitos etecéteras. Z encontra K.
Z, W, X e Y vão para a barraca de K que está com todo o resto do alfabeto.
Aperto. Calor. Mar? Que Mar? Não se enxerga o Mar.
Pitú. pitú. pitú - apenas para A, E, I e O. Loló para U. Smirnoff Ice: R$08,00!!

Tempo passa, tempo voa, tempo corre, tempo nada.

Juntam-se as barracas com um alfabeto desconhecido. Socializam.
4h - Calçadão. Destino: casa! Meio de transporte: ônibus. Que ônibus? Talvez R tenha um palpite.

Rua. rua. rua. buracos. buracos. rua. Areia, suor e cerveja.
Ponto de ônibus - R acerta o palpite. Metade do alfabeto embarca no ônibus vazio. Y insiste em ir em pé. Zona. zona. zona. cansaço.

Agamenon Magalhães - metade da metade do alfabeto toma outro rumo. Atravessam a avenida.
Maloqueiros estão à espreita. Maloqueiros importunam R.
R bota moral nos maloqueiros. Frente da McDonalds. Parada de ônibus.
X, Y, Z, R, Q, S e T pegam o Alto Santa Isabel.
Todos mortos, todos cansados.

Sobram amendoins, suor e areia.

mil perdões

Caros inexistentes leitores, devo-lhes algum tipo de satisfação referente a minha ausência neste blog por todo esse tempo. Realmente, não tenho postado. Juro que não sei o porquê. Talvez seja por falta de tempo, mas não tenho a pretensão de tomar essa desculpa como a causa integral da minha omissão, há outros fatores que contribuíram, todos interligados.
Não pretendo, de modo algum, matar meu blog, só preciso de um tempo para as coisas tomarem um rumo.



(Equanto isso, vou no Estoque buscar mais Inspiração. Volto já.)