segunda-feira, 7 de junho de 2010

insanidade

Não existe ninguém que seja, de todo, são. Os que o são não são apenas sãos, são solitários, de tão solitários enlouquecem assim sozinhos e não descobrem nunca que são os não-sãos, os insanos.
Cada um vive a sua loucura, o seu modo irreverente de ser. Não somos aquilo que a sociedade espera. E tudo que espera idealiza. Quebramos a ilusão de normalidade.
Mas se todos loucos são, o que seria ser são? São é ser louco e ser louco é ser louco também, apenas por fugir dos padrões? Seremos então loucos todos, enlouquecidamente insanos, fatalmente normais.

ok, call me crazy.
E a gente vai fingindo que está tudo bem. Oh, somos tão influenciáveis. Por que não podemos deixar transparecer toda a nossa loucura interior se no fundo somos todos iguais?

domingo, 16 de maio de 2010

Conde da Boa Vista


A Conde da Boa Vista é meu lugar de fuga dentro de um ônibus embaratado. Vê-se de tudo e vê-se aos montes montes de gente, montes de coisas. A sujeira toma conta das vias que também são tomadas por cores, odores, figuras, movimento. De cajás a pilhas, de vinis a sapatilhas, de óculos a mandiocas - tudo sob as sacadas dos antigos prédios que ainda resistem abrigando suas salas em putrefação de cujas janelas pendem rostos deprimidos com olhares furtivos. E todo dia é tudo igual. Ônibus voam pela avenida, entupidos de passageiros, fazendo rachas, sacudindo a cada solavanco. A velha Conde da Boa Vista, antes nobre, agora comércio... Qual será seu futuro?