domingo, 27 de abril de 2008

Simplesmente mais um.

Hoje eu olhei no olho de um pacato cidadão.
E na rapidez dos segundos analisei toda a sua expressão enigmática.
Vi então toda a sua vida refletida: a solidão, a angústia, a amargura.
Não aparentava ser feio ou bonito, pobre ou rico.
Era simplesmente mais um.

O incrível movimento urbano

O ônibus parou. Mais gente subiu. Mais gente desceu. Ele me encarava da janela. Tinha os olhos fixos em mim. A mulher ao lado deglutia a pipoca de R$0,50 comprada no centro. A menina da frente espirrava catarro no senhor em pé. E mais gente subia. E mais gente descia. As portas fecharam. E lá se foi mais um dos instantes da minha vida.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

- O que você vai fazer pra o vestibular?
- Engenharia. E você?
- Não sei. Acho que Letras.
- Vou fazer engenharia porque eu gosto de matemática.
- Sim, eu também gosto de matemática, mas acho Letras um curso muito bonito.
- Bonito?
- É.
- Mas se aprende o que? Português, literatura, redação... ?
- É. E lingua estrangeira.
- Qual lingua?
- Ah, um monte. Você escolhe.
- Cara, um curso que eu nunca faria é sociologia ou filosofia.
- Ah, acho que eu faria.
- Eu ouvi falar que esse ano tem um monte de gente fazendo pra direito.
(...)
=

Não aguento mais essa conversinha. O vestibular representa 71,5% das conversas entre os jovens. Tá cada vez mais insuportável.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O destino dos baldes.

De que seriam os baldes se não fosse a água para enche-los? E, quando no futuro, as nações estarão em guerra pelo "líquido sagrado", os baldes sumirão? E as pessoas que trabalham nas fábricas de balde, para onde irão? E as famosas marcas centenárias de balde, sumirão todas sem deixar vestígios? Ou será que os baldes serão supervalorizados e começarão a serem produzidos com ouro e prata e adornados com pedras preciosas, como um artigo de luxo? Sim, pois só quem poderá ter um balde será uma pessoa de posses, pois, conseqüentemente ela terá a água.
Comecem a prestar mais atenção naquele singelo balde vermelho ou amarelo que há na sua área de serviço ou quintal, pois a função dele é extremamente honrosa. Não desprezem seus baldes, um dia vocês irão se arrepender.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Andem de ônibus.

Eu acho que as pessoas deveriam andar mais de ônibus sabe? Ultimamente eu tenho visto que elas se prendem à bolhas, num mundinho superprotegido e que ao mesmo tempo lhe faz mal. Eu conheço gente que nunca andou de ônibus, e acho que elas estão perdendo uma boa parte da vida. Andar de ônibus ensina a viver, nós vemos o mundo de um novo ângulo, sentimos cheiros novos (aquele perfume barato de R$5,90 da mulher que sentou ao seu lado), vimos o quão diversificada é a nossa cidade, podemos parar pra ouvir o silêncio das ruas quando saltamos naquela parada. Sim, as ruas, ao contrário do que se diz, são bastante silenciosas.
Ao andar de ônibus, conseqüentemente, andamos a pé. Andar a pé nos trás outra visão da cidade, uma visão que você não poderá ter nunca de dentro de um carro. Além disso olhamos pro céu, coisa raríssima nos dias de hoje. Quer um bom passeio? Pegue o Alto Santa Isabel às 4 horas da tarde e vá até o fim do percurso. É lindo.
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Hoje, tive a oportunidade de ouvir um trecho de música clássica (não sei de quem era) de um carro caindo aos pedaços do lado da janela do Casamarela-Novatorre onde eu estava. Acho que ganhei meu dia por isso, saber que ainda há pessoas que tenham um nível musical decente.
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ps.: são 17:17.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Anormal.

Eu ando sorrindo à toa, e isso não é normal;
Eu ando desconcentrada demais, e cara, isso não é normal;
Eu não tô conseguindo estudar em plena véspera de semana de prova; (ok, isso é normal, mas não é legal).
Eu ando gargalhando por qualquer besteira; e isso não é normal.
Eu tenho me sentido mais leve, e isso não é normal.
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Não gosto nem de pensar na hipotése do que está acontecendo. Eu tô realmente com medo.
A carrasca.
Frutos de uma aula de matemática.

A buzina e o latido.

Era tudo silêncio, exceto por um latido que ecoava ao longe. Então parou. Tudo ficou mergulhado num silêncio ensurdecedor. O eco canino voltou novamente até que chegou a sua grande rival: a buzina automotiva. Assustou-se de início, mas não se deixou intimidar. Voltou a ecoar o seu latido por toda vizinhança. E dentro desse silêncio a disputa prosseguia infinita.