quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

tarde de sol

Lá ia ela com as carnes das coxas balançando por entre o short jeans, o sol de 4 da tarde destacando sua cabeleira loura e penetrando na vista fazendo suas pupilas encolherem, realçando o azul de seus olhos. Caminhava torto, maravilhada com o vento, olhando pra baixo intimidada pelos olhares ao redor. Nunca soube se gostava ou não deles...

Ouvia de vez em quando umas gracinhas sem graça, umas piadinhas irritantes, mas não se irritava. Decidiu mudar o rumo da caminhada, pegou um caminho maior só pra ver as folhas caindo das árvores, só pra enterrar as alpercatas na areia, só pra sentir a brisa fria no rosto, só pra ver crianças brincando, só pra ver passarinhos procurando migalhas, só para ver as formigas trabalhando arduamente na construção do formigueiro, só pra ver o vendedor de picolés destrocar uma nota grande, só pra ver o mendigo dormindo no banco, só pra ver o pipoqueiro sem pipoca, só pra ver o jardineiro paquerando a cozinheira da casa da frente, só pra ver os meninos jogando bola, só pra ver o lodo do lago, só pra ver o jornaleiro fumando cigarro, só pra ver o advogado passeando com o cachorro, só pra ver a menina levar uma queda da bicicleta, só pra ver o cimento seco com uma pegada presa, só pra ver o bebê tomando sol, só pra ver a babá conversando com o soldado, só pra ver o pai ensinado o filho a amarrar o sapato, só pra ver a natureza interagindo com o homem, só pra ver como as pessoas se tornam mais puras nesta hora da tarde, só pra ver, talvez, quem sabe, ... ele. E ele não estava lá.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Último dia de aula

Calçada. Chega Y. Chega Z. Chega W. Eu sou X.
Rua. rua. rua. buraco. rua. rua. rua. Ponto de ônibus.
Passa o ônibus:
- Abre a porta motorista!
- Abre (abre! abre!)!
- ABRE PORRA!
Abre a porta.
- Vai pra Boaviagi?
- Não, a parada é mais na frente.
- Brigadaê.

Rua. Rua. Rua. Avenida. Buraco. Rua. Parada. "CDU - Boa Viagem".

Entram todos. Roda a catraca. Todos de pé.
Meio-dia. Suor. Vermelhidão.
Assento livre. X senta.
Entra o Vendedor de Jujubas Crente. O Vendedor de Jujubas Crente faz discurso (ou pensa que faz). Casal de Lésbicas Estrangeiras se intimidam - descem do ônibus. O Vendedor de Jujubas Crente empurra jujubas para Z que lança seu olhar fulminante de reprovação.

Y pergunta ao cobrador onde desce:
- JunDo Motivo, fio, junDo Motivo.
Sol. rua. sol. carros.caminhões. motos. avenida. sol. sol. sol. sol. sol.
Motivo não passa. Y sugere descer ali mesmo. Todos descem.
anda. anda. anda. rua. avenida. atravessam. rua. avenida. rua. rua. rua. Posto de Gasolina - Smirnoff Ice: R$03,00.
W tira a camisa.

Anda. anda. anda. rua. rua. rua. avenida. avenida. Calçadão. sol. sol. coqueiros. musculação. anda. anda. anda. Areia quente. Pés vermelhos. Barraca à beira-mar. X, Z, W, e Y descansam. Sol ferve. Guaraná gelado para Y. Pés enterrados na areia.

Picolés. Óculos escuros. Cachorros-quente. Ananás. Camarão. Muitos e muitos etecéteras. Z encontra K.
Z, W, X e Y vão para a barraca de K que está com todo o resto do alfabeto.
Aperto. Calor. Mar? Que Mar? Não se enxerga o Mar.
Pitú. pitú. pitú - apenas para A, E, I e O. Loló para U. Smirnoff Ice: R$08,00!!

Tempo passa, tempo voa, tempo corre, tempo nada.

Juntam-se as barracas com um alfabeto desconhecido. Socializam.
4h - Calçadão. Destino: casa! Meio de transporte: ônibus. Que ônibus? Talvez R tenha um palpite.

Rua. rua. rua. buracos. buracos. rua. Areia, suor e cerveja.
Ponto de ônibus - R acerta o palpite. Metade do alfabeto embarca no ônibus vazio. Y insiste em ir em pé. Zona. zona. zona. cansaço.

Agamenon Magalhães - metade da metade do alfabeto toma outro rumo. Atravessam a avenida.
Maloqueiros estão à espreita. Maloqueiros importunam R.
R bota moral nos maloqueiros. Frente da McDonalds. Parada de ônibus.
X, Y, Z, R, Q, S e T pegam o Alto Santa Isabel.
Todos mortos, todos cansados.

Sobram amendoins, suor e areia.

mil perdões

Caros inexistentes leitores, devo-lhes algum tipo de satisfação referente a minha ausência neste blog por todo esse tempo. Realmente, não tenho postado. Juro que não sei o porquê. Talvez seja por falta de tempo, mas não tenho a pretensão de tomar essa desculpa como a causa integral da minha omissão, há outros fatores que contribuíram, todos interligados.
Não pretendo, de modo algum, matar meu blog, só preciso de um tempo para as coisas tomarem um rumo.



(Equanto isso, vou no Estoque buscar mais Inspiração. Volto já.)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Uma anônima na minha vida

Certo dia fui obrigada a ir pro colégio de ônibus. Estava chovendo, sentei então, encolhida, num batente perto da parada. Eu tinha esquecido o guarda-chuva, estava atrasada demais pra lembrar dele. Logo depois, chegou uma senhora que já devia ter seus sessenta-e-lá-vai-bolinha e colocou o guarda chuva sobre mim, protegendo as duas do chuvisco gelado. Ela era muito simpática.
Essa mulher me marcou profundamente. Ela talvez nunca irá saber disso, mas ela me tocou, ela se tornou um vestígio de esperança na minha vida. Até então eu estava desiludida com o mundo e quando essa senhora, muito simpaticamente, ofereceu seu guarda-chuva cor-de-vinho, eu pude notar que no mundo ainda existem pessoas boas. O mundo não está de completo perdido. E isso me deixou tão feliz, tão feliz que hoje posso ter, ainda que um pouco, mas muito mais do que antes, esperança nas pessoas. Minha incredulidade no alheio se amenizou.
Eu me emociono quando lembro do gesto dela, que parece quase insignificante aos de fora, mas que foi deveras importante para os meus ideais.

Que ela esteja em paz, esta boa senhora.




(Ela me lembrava muito, mas muito mesmo a minha vó que faleceu ano passado, talvez isso explique a minha afeição).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

.

Ontem foi um dia histórico.

Tirei 10 em química.

Sim, dez com um um na frente e um zero atrás.

Sensação indescritível.

Acho que vou botar numa moldura.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

surto.

A vida anda distorcida, camarada.


As exatas me prendem. Regras, fórmulas, bizus - me impedem de pensar.


Hoje é o dia exato:
- Matemática
- Química
- Física
- Química
- Física
- Química


Enlouquecer? É, talvez.



Preciso me libertar.



As exatas me prendem. Fórmulas castram a minha criatividade, podam as minhas idéias, preciso, urgentemente, ESCAPAR.



Um refúgio momentâneo na literatura seria o ideal.





Sinto-me imóvel.

Preciso rápido da loucura dos devaneios humanos, nem que seja como um anagésico, medida provisória, quem sabe.





Uma anestesia, por favor, a fuga das minhas idéias dói.






(aula de física - 17/09/2008)



Roteiro

A vida se desenrola diante dos olhos como um filme mal dirigido, com enredos complexos, atores canastrões e um cenário real.

Pensando bem, contraditoriamente, é uma super produção. A vida é um filme cult, nada faz sentido, não há respostas suficientes para todas as perguntas. E faz sucesso. A maioria adora, acha o máximo, venera, mesmo que não compreenda. Não, não é para compreender. E a minoria, que não gosta, não entende sua arte e por não entendê-la a despreza? São os suicídas.

Artistas

Os artistas sofrem por enxergar o mundo de um jeito mais complexo. O artista se perde em devaneios nos quais outros nem sequer chegam a procurar. O artista sofre por ser incompreendido, por ter uma visão peculiar. Que podem fazer, se os outros não são intelectualmente capazes de entender?
Incompreendidos pela sua forma de ver o mundo levam uma vida solitária. Uma vida diferente de todas as outras vidas, pois a concepção de vida para o artista é diferente das demais vidas, logo sua vida é única e exclusiva, profunda e enigmática. As outras vidas acham suas vidas simples já que não param pra pensar nelas. E como o simples, o prático, sempre dominou a humanidade, a maioria não se dá ao trabalho de pensar na vida, mantendo-a simples, como sempre foi. Porque, sim, dá trabalho pensar nela, traz consequências, como já disse, corre-se o risco de ser incompreendido, solitário e de se tornar um artista.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Um muito de tudo e um pouco de nada.

Talvez tudo que sentimos pareça meio óbvio e tão tolo. Abrange tudo e mais um pouco de tudo que conhecemos. Tudo é uma palavra tão vazia, esnobe, e ao mesmo tempo insegura, orgulhosa, cruel. Tudo? Tudo o que? O tudo não existe. Tudo seria a perfeição, e a perfeição não existe. O que existe é o quase. O quase, sempre antes do tudo. Esse sim, humilde, poderia ser o tudo, mas prefere ser o quase. Quase, quase tudo. No quase há ausência, inexistência, um muito de tudo e um pouco de nada.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sonho

O All Star embaixo da mesa. A gaveta aberta. As roupas numa cadeira. Um livro de Shakespeare na mesa de cabeceira. Assim era seu quarto. Pelo menos naquele instante. A chuva caía lá fora desesperada. Ela chegou então e largou os brincos em cima de qualquer canto. Mal sabia ela que era a última vez que os usava, pois não os acharia mais naquela bagunça. Sentou-se na cama. Parou de repente. Fazia dias que não se olhava no espelho. Parecia tolice pensar que teria mudado em tão pouco tempo, mas uma enorme necessidade estava obrigando-a a se olhar. Parou então em frente ao espelho retangular. Em seu reflexo, já não mais se reconhecia. Parecia apenas mais um tipo dos alguéns por quem passava todos os dias na rua. Não havia nada que a tornasse diferente das demais. Via seus olhos, mas parecia vê-los de outros olhos que não os seus. De outro ângulo. Não via ninguém propriamente dito, mas só um corpo. Ela então era aquele corpo? Não. Ela era mais que aquele corpo. Aquele corpo era o seu disfarce. Ela era o que estava dentro, porque ela era muito mais que apenas isso. Voltou pra cama e ligou o ventilador. Dormiu e sonhou. Sonhou que era outras pessoas. Outras pessoas não. Era ela mesma, mas com outros corpos, outros disfarces. Não gostava de nenhum porque as pessoas esqueciam de ser elas mesmas e trocavam de corpo o tempo todo. Sempre querendo um melhor. As pessoas começaram a comparar seus corpos. Haviam então, competição de corpos. E as pessoas não eram mais pessoas, eram então apenas corpos.
Ela acordou assutada. Olhou para as suas mãos. Ok, elas estavam ali. Ajustou a velocidade do ventilador e voltou a dormir.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Alto Santa Isabel

Como prometi, anotações no ônibus:

"Certo, agora eu tô mesmo no ônibus. O mais incrível é que tá vazio. Muito vazio. Acho que é o horário. Acho que tô voltando mais cedo. Tive sorte hoje, não esperei nem pra ir nem pra voltar, quando eu tava chegando na parada o ônibus tava vindo. Agora, fiquei tão embriagada pela emoção de pegar o ônibus logo que de repente me surgiu a terrível dúvida "será que é esse mesmo o ônibus? Será que eu não vi o nome rápido demais?". Decidi confirmar com a cobradora. Ela me olhou com uma terrível cara de tédio e sacudiu a cabeça num sinal de 'sim'. Às vezes me dá umas inseguranças desse tipo, coisas que são tão óbvias que me dão dúvida!
Agora tô na Conde da Boa Vista, voltando. Tem uma mulher arranjando confusão no ônibus! Ela tava gritando, chamando alguém de ignorante, ainda não consegui entender o que aconteceu. Acho que era com o motorista. Que ótimo, o ônibus tá enchendo. É horrível escrever com esses solavancos.
Do lado de fora avisto um homem numa cadeira de rodas, seus pés são virados, contorcidos. Não parece um pedinte, tem cara de classe média. Tô com fome e meu dinheiro já era há muito tempo.
Hahaha! Avistei um menino e pensei "humm... ele tem jeito de emo", então notei o amigo dele: completamente emo. Ok, são emos. Muito emos.
Uma mulher no ônibus acaba de exclamar "caraaaalho!" e o homem lá na frente discute sozinho sobre os candidatos a prefeito.
Continuo na Conde da Boa Vista, logo hoje tá um dia feio, adoro ver o pôr-do-sol desse ônibus.
Ai, coisa que não suporto são esses vendedores de pipoca. Eles só existem nessa avenida (eu acho :S). Passam gritando "Pipoooooca!", é de ficar surdo!
Agora tô parada em frente ao Americano Batista, disseram que o colégio fechou, vou investigar se isso é verdade. No meio do silêncio passam três amigas escandalosas do Contato, rindo feito loucas.
Ótimo, agora estou em frente ao Hospital da Restauração (um verdadeiro inferno), espero nunca entrar lá. Há alguém do meu lado agora, mas que coisa! com tantos bancos vazios! ó, infortúnio.
Legal, agora vejo em plena Agamenon Magalhães aqueles homens que seguram bandeiras estampadas com políticos escrotos.
Ótimo, não eram só bandeiras, não eram só algumas bandeiras, agora são dezenas delas. Está havendo um verdadeiro carnaval. Uma bagunça. Gente, som, laranja, amarelo, vermelho, buzinas, bandeiras, muito barulho. Uma verdadeira palhaçada. Os políticos deviam ter vergonha de fazer uma coisa dessas. Jamais votaria nesses caras.
Acabei de sentir uma vontade muito forte de estender meu dedo médio pela janela. Ah, que vontade me deu, quase incontrolável.
Olha! no meio da confusão encontrei a namorada do irmão da minha [AH FILHOS DA PUTA!! (motoqueiros a buzinar irritantemente)] amiga. Acho que ela nem sabe que eu existo. Que coisa, vivo encontrando com ela.
Entrou no ônibus um homem com cara de psicopata, não pára de olha na minha direção. Talvez eu seja a paranóica da história.
Cena rara: uma mulher de cabelos brancos compridos. Bem diferente. Não é uma velhinha, é uma mulher ainda, mas com o cabelo todo branco. O que seria das mulheres sem a tintura de cabelo? Tinturas de cabelo são altamente revolucionárias.
Não sei mais onde tô, acho que chegando na Rosa e Silva. Ok, tô na Rosa e Silva (confirmado após o letreiro "Padaria Rosa e Silva"). Trânsito intenso.
[parei agora pra ter vontade de catalogar pichações, será que alguém já fez isso? oO. Não tente entender].
Passei pelo Hospital dos Servidores do Estado e pela Vert et Rouge. O trânsito tá tão lerdo que um garoto anda no mesmo ritmo do ônibus há uns 5 quarteirões. Gatinho, bem gatinho ele.
Frente do Pão de Açúcar. A menina sentada do meu lado (deve ter a minha idade, acho que um pouco mais nova) cantarola empolgada pelo som do seu fone de ouvido e come biscoitos.
"Você entra aluno e sai piloto" - frase na parede de uma auto escola (?).
Frente do Bompreço. Cara, o garoto continua do lado do ônibus, andando. Acabei de notar que ele parece meu amigo. Será que é ele?! Não, ele é mais bonito (o garoto).
Frente do Náutico - agora outra pessoa do meu lado. Acaba de passar na rua um menino que eu conheço não sei de onde, acho que do colégio.
Frente do Country - elite recifense é predominante. Metade do meu colégio também.
Frente do ETC - tem uma goteira no teto do ônibus!
Perto da Jaqueira agora.
Um homem, num posto de gasolina, usa uma camisa com o seguinte escrito "ratboy.com.br".
Frente do Hospital da Tamarineira (traduzindo: hospício).
Passei pela academia ''Hi''- A mulher sentada do meu lado troca números de celular com a colega. Alguma fulana é dermatologista.
Saindo da Rosa e Silva, Parnamirim agora - ônibus cheio, quase noite.
Frente do Pão de Açúcar - paradas todas muito cheias, pessoas largando do trabalho.
Frente da Mutti (antiga Nutella); Pizza Hut e agora Cultura Inglesa. Tem um casal bonitinho na pracinha.
Finalmente Casa Forte, tô perto.
Plaza/ Hiperbompreço.
Em frente à Pittz - a mulher do meu lado comenta com a outra que o colega trabalha lá e que não gostou da pizza. Discordo dela, experiência própria.
Passei pela McDonalds.

Minha parada é a próxima."

Anotações de um dia solitário [2]

"Aham, voltei ao shopping. Ok, na verdade dessa vez não foi pra escrever. Vim pegar um cd que eu tinha reservado, então aproveitei pra vir pra praça de alimentação beber algo e jogar alguma coisa no papel.
A viagem pra cá, de ônibus, leva uns quarenta minutos, nunca parei pra contar, mas demora. E esse ônibus passa por tantos lugares legais. Eu vou escrevendo um livro todo na cabeça durante o percurso. Na próxima vez, estou decidida, irei escrevendo [meu chá acabou, e com ele meu dinheiro].
As pessoas, os lugares, as coisas parecem tão incríveis vistas da janela de um ônibus. Os prédios antigos da Conde da Boa vista, todos degredados, em péssimo estado. E pensar que há algumas décadas atrás a elite recifense os ocupava. Hoje passam despercebidos, só se nota o andar térreo que integra o movimentado centro comercial. Todos esquecem de olhar pra cima. Sim, existe vida nos andares de cima. Lençóis pendurados nas janelas, uma criança mastigando uma chupeta, um projeto de academia na qual uma melancólica mulher, pedalando numa bicicleta ergométrica, observa com desdém os ônibus lá embaixo. Um banco quase falido só para funcionários públicos, bingos, motéis, bordéis. Sim, são um ótimo lugar para puteiros, acabei de me dar conta disso.
E por lá passa meu querido Alto Santa Isabel, que me leva a tantos cantos. Estou decidida a dar a volta na cidade apenas para listar os lugares legais pelos quais ele passa. São muitos, vários mesmo, mas tenho que admitir, o lugar em que estou é o melhor :D
Hoje está tudo mais vazio que da outra vez, muito provavelmente pelo fato de não estarmos mais em julho. A garçonete está parada, não há muito o que fazer. Do meu ângulo só consigo avistar três mesas ocupadas. Uma mulher me chama a atenção. Está sentada, sozinha, já há um bom tempo. Acho que está esperando alguém. Seu cabelo é preto, cacheado, comprido e está preso. Sua mão está na boca. Usa um óculos de armação preta e uma saia no joelho, é um pouco gorda. Deve ter seus quarenta anos ou mais. Não aparenta ser classe média, talvez... classe média baixa, não sei. Ela lembra minha lavadeira. Acho que ela está impaciente, mas talvez não tenha mais nada pra fazer, ela nem tá comendo.
O tempo urge. Vou verificar se há um celular quebrado na mnha bolsa caso haja um assalto e depois irei lá em cima ver o céu nublado tingir o rio de cinza.


ps.: depois decobri que os botões da minha calça estavam abertos.
ps2.: tinha um cara muito lindo na frente da porta do banheiro feminino.
ps3.: não relacione as duas coisas""

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Anotações de um dia solitário

"As vezes é bom se sentir um pouco independente, mesmo que tomar um ônibus não signifique exatamente isso.
É, tô me sentindo um ET no meio da praça de alimentação, com o caderno aberto, sozinha.
Em que lugar do Brasil, mais especificamente em Recife, uma garota de 15 anos pegaria um ônibus ao invés de ir pra casa usar o computador? que garota chegaria num shopping para escrever e não para olhar as vitrines? Que garota tomaria chá ao invés de Coca-Cola? Eu.
Gosto de andar de ônibus, me faz refletir. É um meio de socializar sendo anti-social. Saio de casa, vejo gente, mas não interajo. Muito mais divertido imaginar histórias sobre as pessoas do que escutá-las contando. Por exemplo, ali adiante, existem duas jovens que conversam, aparentam ter seus vinte e pouco, quase 30. Uma está de saia e a outra de calça. Comem vorazmente. Uma é loira e outra morena. Há quanto tempo será que se conhecem? Um ano? A vida toda? Podem ser primas. Elas têm cara de quem cursa administração, só que no momento são gerentes de supermercado.
A garçonete mais ao longe recolhe a bagunça. Será que há 24 horas atrás ela discutiu com o marido ou teve uma prazerosa tarde de amor? Parece que o tédio é profundo pra ela. Ela agora conversa com uma colega de trabalho que por usar a mesma roupa acabo pensando que têm a mesma cara. Há um homem no meio delas, todo de azul , com cara de abestalhado. Ele não parece ter namorada. Talvez quando ele largar o serviço vá a um baile funk, ou talvez ele seja bicha. Tá segurando o cabo da vassoura.
Agora acaba de chegar uma mulher que aparenta ter passado por vários homens. Com que idade será que ela perdeu a virgindade? 13? 14?
Meu chá acabou.
Quem passa acha que eu to estudando.
Minha inspiração da tá acabando. Vou ligar pra minha mãe. Seja o que Deus quiser. "

pensando.

Escrever deixa as idéias claras, organizadas. Talvez isso seja útil apenas para quem pensa, e pensa demais. Os pensamentos transbordam para o papel.
Acho que é por isso então que as pessoas não gostam de escrever. Elas simplesmente não pensam e não tendo pensamentos não têm nada para escrever.
Concluo desse modo que as pessoas que escrevem são as pessoas que pensam. As pessoas que não pensam talvez levem uma vida mais pacata, longe das complicações criadas por aqueles que pensam demais.
Sim, porque pensar nos leva a questionar e a buscar soluções para tais questões nos fazendo pensar mais e mais. E no meio de tantos pensamentos nos atrapalhamos e sucumbimos à nossa própria incompetência de não conseguir pensar o suficiente. Claro, isso se refere aos mais fracos (leia-se: a maioria), pois os dispostos vão à luta e não se intimidam pelo emaranhado de seus próprios pensamentos, desatando de uma forma incrível esse nó por ele mesmo criado.
O pensar demais é o que recheia as páginas de todos os livros, escrever ajuda a desamarrar esse nó.

Acho que andei pensando demais.

terça-feira, 10 de junho de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Aos estudantes

Somos todos um depósito de fórmulas. Somos todos uma máquina de decorar. Não aguento mais essa situação. Quanto tempo mais irá durar?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ângulos caninos

Meu cachorro não levanta a perna pra fazer xixi.
E ele não sente vergonha por ser diferente.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

:P

Voltamos pra casa embriagados pela insensatez alheia, dominados pela angústia em pró do verbo. Verbalizar. Sim, vamos verbalizar.
E tudo que discutimos é inútil. Quando, enfim, nossa sociedade deixará de ser fútil?
Enquanto isso levo a vida a vagar. Desisto de tudo, desisto do mundo, cansei de esperar.

(23/05/2008)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Desinspirei.

Ele olhou para trás

Se eu dissesse que ele foi embora, você não acreditaria.
Mas o pior de tudo é que ele foi embora e olhou para trás. Naquele instante pressenti a desgraça que começaria na sua vida. Ah, sim, sua vida não seria fácil daqui pra frente. E ele sabia disso.
Apesar de tudo, era um cara persistente. Talvez isso não fosse uma qualidade. Em certas horas, qualidades tornam-se defeitos. Depende do ponto de vista.
Todos avisaram, todos criticaram. Ele não deu ouvidos. Foi embora, no entanto, olhou para trás.
Sua insegurança se propagava no ar contagiando a todos. Estávamos inseguros por ele, era uma missão dificílima. Não teve conversa. Ele foi embora, mas olhou para trás.
No meio do caminho fraquejou, teve vontade de voltar, sentiu receio, mas continuou. No fim, tudo deu certo. Ele cumpriu sua missão: transmitiu essa mensagem a você.

A mala

É, ela foi ali. Ela foi ali e não mais voltou. Dizem que encontrou com o tal cara. Não se sabe ao certo, mas contam que havia uma maleta na história. O que tinha dentro não sei, mas parecia importante.
Semana passada me informaram que a Menininha voltou de lá correndo, com a tal mala nas costas. A pobrezinha, coitada, escorregou no meio de tanta afobação. Caiu a Menininha, caiu a mala, caiu tudo. Caiu a máscara que escondia a verdade oculta por uma criança. Revelou-se a orgia, o ócio, a ignorância, a violência, a brutalidade do ser humano compactados.
E aquilo tudo se disseminou, corrompendo o mundo.
E nós nunca mais fomos os mesmos.

Beleza medíocre

De que me basta um rosto bonito, cuja boca só frases clichês emite?
De que me adianta belas madeixas se elas entranham também pelo meu cérebro?
De que me serve um belo par de olhos se eles não vêem nada além do óbvio?
De que me adianta esse nariz de plástico que respira ignorância?
De que me basta um corpo escultural que foi pago em dólares?
Pra sair na capa da Vogue, é óbvio.

sábado, 17 de maio de 2008

Presunto se come frio

Ontem eu fui comprar presunto. Enquanto esperava a dondoca mal-educada da minha frente pegar seus respectivos 400g de presunto de peru, comecei a refletir: o presunto vem de qual parte da carne? Aliás, que danada de carne é essa? Será que é uma carne?
Cheguei à uma conclusão: melhor, sinceramente, nem saber. Mas veja só que coisa engraçada, é uma carne que se come gelada.
Comprei dois Sonhos de Valsa, um pra mim, e outro pra sabe-se lá quem. Me dirigi ao caixa. Era uma mulherzinha mal-humorada e gorda, que depois de pegar todos os produtos sem a mínima delicadeza soltou um resmungo que lembrava "R$8,30". Entreguei o dinheiro e ela sacudiu o troco pra cima de mim.
Bom, talvez ela não tenha tido um bom dia.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Morte da Inspiração.

Busco uma idéia, qualquer coisa que me dê uma luz. Fui então num Pet Shop. Um moço simpático me atendeu. Perguntei se havia algum tipo de idéia à venda. Gentilmente ele me conduziu para um galpão mal-iluminado, com várias gaiolas. Das gaiolas saíam estranhos ruídos, como se os seres dali estivessem cheios de energia.
Todas as idéias me pareciam interessantes, uma, entretanto, se destacou. Ela gostou de mim e eu dela. Era pequenininha, bem miudinha, mas demonstrava vontade de crescer. Fiquei com ela. Paguei 3 Olhares ao moço e fui com minha pequenina idéia dentro do chapéu.
Quando cheguei em casa coloquei-a em cima da mesa. Ela olhava pra mim com a cara mais meiga do mundo e nos seus olhos eu via sua vontade de sair por aí arrasando. Dei-lhe o nome de Inspiração.
Inspiração trouxe-me muita luz, era a alegria da minha vida, minha fonte de felicidade.
Certo dia, tive que sair às pressas, minha mãe estava no hospital e eu teria que dormir por lá. Recomendei à Jussara, minha empregada, que alimentasse Inspiração com no mínimo 4 folhas de papel em branco por dia. Esta porém, uma desvairada, não sabia lidar com as idéias, acabou por se distrair e deu para a minha pobre Inspiração uma televisão como alimento.
Quando cheguei em casa Inspiração estava morta, minha pequenina idéia não tinha sido devidamente alimentada, morreu de fome a pobrezinha.

O monólogo.

Ela falava sempre do mesmo assunto. A Outra sempre escutava, as vezes fazia algum comentário. De vez em quando a Outra contava algo e Ela fazia um comentário. Sempre os Mesmos comentários, sempre a Mesma História. Não se cansavam de ouvir e falar a Mesma Coisa, acho que se compreendiam.
Um dia Alguém tentou mudar de assunto. Ela escutou com atenção, soltou um breve "Ah", ficou alguns segundos calada, olhou para a Outra, que nada falou. Alguém permaneceu perplexo, o tema era ótimo e polêmico, como assim não tinham o que falar? Parecia tão simples. Mas Ela e a Outra não entendiam. Alguém foi embora decepcionado. Ela continuou a recitar os mesmo versos de sempre. A Outra batia de novo na mesma tecla.
Alguém encontrou Uma Pessoa que tinha Vários Assuntos. Passavam horas discutindo. Uma Pessoa apresentou Amigos à Alguém. E Alguém ficou conhecendo Vários Amigos.
Um dia Alguém passou com Vários Amigos por Ela e a Outra. Encararam-se. Alguém já sabia as falas decoradas de Ela e os comentários de sempre da Outra. Ela e a Outra não entendiam por que Alguém tinha Vários Amigos. Mas não se importaram muito. Voltaram à sua bolha. E Alguém conhecia cada vez mais novos amigos. Eles tinham assunto.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Pequenas teorias sonhantes.

JBClimb says:
é que eu tenho uma coisa com homem loiro sabe
M* says:
é bem compreensível
JBClimb says:
SAUHSIUAHSIUAHISUAHS
JBClimb says:
nééé?
JBClimb says:
assim como tu tem uma coisa com homem de cabelo cacheado
JBClimb says:
já eu prefiro os lisos.
JBClimb says:
enfim
JBClimb says:
acho que cada um procura alguém que seja parecido
JBClimb says:
e que talvez seja uma forma inconsciente pela busca da compreensão
M* says:
ursula
M* says:
tuas teorias
M* says:
são altamente
M* says:
concordáveis
JBClimb says:
USHAUHSAUHSA
JBClimb says:
eu criei uma teoria do sonho ano passado, eu ia mostrar pra P*, mas esqueci,
JBClimb says:
HSUAHSUIAHS
M* says:
caramba
JBClimb says:
nem sei onde tá essa minha teoria =/
JBClimb says:
HSUAHSUAHSA
JBClimb says:
o que?
M* says:
esquecesse dela?
JBClimb says:
ahm
JBClimb says:
não
JBClimb says:
mas ela tava escrita sabe
JBClimb says:
tava melhor
JBClimb says:
não me lembro muito bem
JBClimb says:
era algo do tipo
JBClimb says:
que o sonho é uma simulação da realidade
JBClimb says:
pro corpo nao achar que a gente morreu
JBClimb says:
enquanto dorme entende?
JBClimb says:
já pensou se o cérebro se confunde e pensa que a gente morreu ou algo assim?
JBClimb says:
ele não pode morrer, ele tem que se manter ativo
JBClimb says:
e como a gente precisa descansar
JBClimb says:
o sonho serve como um simulador
JBClimb says:
;)
M* says:
sei..
M* says:
ah
M* says:
eu vejo o sonho de outra forma
M* says:
acho que o corpo não pode acreditar que morremos
M* says:
assim
M* says:
se não..
M* says:
qndo alguém entra em coma
M
* says:
deve morrer
M* says:
pq acho que pessoas em coma não sonham
M* says:
e as desmaiadas tbm
JBClimb says:
as pessoas em coma não estão mortas ¬¬
JBClimb says:
nem dormindo,
JBClimb says:
tipo
JBClimb says:
elas vêem tudo o que acontece e tal.
JBClimb says:
ngm sabe direito
JBClimb says:
mas a maioria das pessoas que entrou em coma diz que via tudo que aconteceu
M* says:
eita
M* says:
com os olhos fechados?
JBClimb says:
sim.
JBClimb says:
nunca ouvisse falar? oO
M* says:
sabia disso nnnnnn
JBClimb says:
sério?
JBClimb says:
poxa.
JBClimb says:
tipo
JBClimb says:
a pessoa não tá dormindo entende?ela tá viva ainda.
M* says:
certo
M* says:
tá viva
JBClimb says:
ah, nao consigo explicar! droga.
M* says:
mas ela dorme
M* says:
ela tipo dorme
M* says:
e ela não morre por isso
JBClimb says:
bom, suponhamos que ela durma.
JBClimb says:
enquanto ela dorme, ela sonha oO
M* says:
eu acho que o sonho
M* says:
é
M* says:
uma outra realidade
M* says:
tão importante quanto a vigília
M* says:
quanto quando estamos acordados
M* says:
e que
M* says:
ah
M* says:
a moral não existe
M* says:
é tudo id
JBClimb says:
aquela historia de que os sonhos são os desejos reprimidos?
JBClimb says:
não acredito muito nisso.
JBClimb says:
ou de que podemos fazer tudo no sonho o que não podemos fazer na realidade?
JBClimb says:
é, talvez nós vivamos duas realidades e nem sabemos direito disso
JBClimb says:
porque uma realidade é mental, e a outra corporal
M* says:
eu acredito nisso dos desejos reprimidos
M* says:
acredito mesmo
M* says:
e são duas realidades
JBClimb says:
sério?
M* says:
vivemos nas duas
JBClimb says:
nem imagino o que tu sonha (6)
M* says:
o que define uma realidade como real?
M* says:
e outra como irreal?
JBClimb says:
exatamente
M* says:
acho que isso não existe
JBClimb says:
nós temos uma realidade do impossível (essa que a gente ta agora) e a do possível
JBClimb says:
a que a gente sonha
JBClimb says:
entendeu o que eu disse dessas duas realidades?
M* says:
entendi
M* says:
quer dizer
M* says:
pq a que estamos agora é do impossível?
M* says:
pq a gente não pode fazer
M* says:
tudo?
JBClimb says:
é
M* says:
eita, é mesmooo
JBClimb says:
ou a do 'controlável'
JBClimb says:
que a gente controla o que faz
JBClimb says:
no sonho não, a gente não controla

M* says:
é pq existe um superego
M* says:
controlando tudo

JBClimb says:
exatamente.
M* says:
e as leis físicas, claro
JBClimb says:
HSUAIHSUAHS
JBClimb says:
ééé
JBClimb says:
tem sonho que o povo diz que controla né?
JBClimb says:
mas aí
JBClimb says:
eu acredito que seja uma fase de transição entre a realidade controlável e a incontrolável
JBClimb says:
você não tá realmente sonhando sabe?
M* says:
eu não sei
M* says:
porque talvez
M* says:
todos os meus valores
M* says:
morais, por exemplo
M* says:
podem deixar de existir
M* says:
enquanto eu controlo o sonho
M* says:
acho que o fato do sonho ser isso tudo, n é o fato de nos não podermos controlar
M* says:
mas é o fato de acharmos tudo normal
M* says:
até a coisa mais
M* says:
maluca
M* says:
nos parece normal
JBClimb says:
é
JBClimb says:
exatamente.
JBClimb says:
o id (é o id?)
JBClimb says:
a moral
JBClimb says:
é esquecida.
M* says:
e a moral é o superego
JBClimb says:
é
JBClimb says:
é um tanto confuso isso.
JBClimb says:
acho os sonhos a melhor realidade.
JBClimb says:
é como se a gente fosse pra outro canto.e
JBClimb says:
e se esse canto existir?
JBClimb says:
tipo
JBClimb says:
como se o sonho fosse a porta para um outro mundo que é reflexo desse
JBClimb says:
só que tudo é possível nele?
JBClimb says:
YGSASHAHSUAH
JBClimb says:
essa foi viajada.
M* says:
foi nãooo
M* says:
agora esse mundo
M* says:
é só a nível
M* says:
espiritual
M* says:

M* says:
quer dizer
M* says:
quem garante que a gente ta aqui?
M* says:
isso aqui poderia mt bem ser um sonho
JBClimb says:
exaaaato.
JBClimb says:
justamente
JBClimb says:
duas realidades.
JBClimb says:
quem sabe se no sonho a gente não acha a realidade um sonho?
JBClimb says:
entendeu?
JBClimb says:
eu já sonhei que sonhava.
JBClimb says:
ou seja, é uma coisa mais complexa ainda
JBClimb says:
como se existisse
JBClimb says:
um mundo superior além dos sonhos
JBClimb says:
um 3º nível
M* says:
caralho
M* says:
é isso mesmo
M* says:
mas sonhar que sonha?
M* says:
porra
JBClimb says:
nunca sonhasse que sonhava?
JBClimb says:
já sonhasse sim
JBClimb says:
tu já me contou
M* says:
poo, lembro n. HAUHAUHA
JBClimb says:
sééerio
JBClimb says:
tu disse que sonhava que sonhava que sonhava que tua mãe te acordava
JBClimb says:
tipo um degradê
JBClimb says:
HSUAHSUAHSA
JBClimb says:
tendeu?
M* says:
faz tempo isso?
JBClimb says:
ahm... faz.
M* says:
então tá explicado
M* says:
memória de peixe
JBClimb says:
HSUIAHSUAHSUAH
JBClimb says:
não hein?
JBClimb says:
minha memória é uma coisa.
JBClimb says:
eu só lembro coisas nada a ver.

domingo, 27 de abril de 2008

Simplesmente mais um.

Hoje eu olhei no olho de um pacato cidadão.
E na rapidez dos segundos analisei toda a sua expressão enigmática.
Vi então toda a sua vida refletida: a solidão, a angústia, a amargura.
Não aparentava ser feio ou bonito, pobre ou rico.
Era simplesmente mais um.

O incrível movimento urbano

O ônibus parou. Mais gente subiu. Mais gente desceu. Ele me encarava da janela. Tinha os olhos fixos em mim. A mulher ao lado deglutia a pipoca de R$0,50 comprada no centro. A menina da frente espirrava catarro no senhor em pé. E mais gente subia. E mais gente descia. As portas fecharam. E lá se foi mais um dos instantes da minha vida.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

- O que você vai fazer pra o vestibular?
- Engenharia. E você?
- Não sei. Acho que Letras.
- Vou fazer engenharia porque eu gosto de matemática.
- Sim, eu também gosto de matemática, mas acho Letras um curso muito bonito.
- Bonito?
- É.
- Mas se aprende o que? Português, literatura, redação... ?
- É. E lingua estrangeira.
- Qual lingua?
- Ah, um monte. Você escolhe.
- Cara, um curso que eu nunca faria é sociologia ou filosofia.
- Ah, acho que eu faria.
- Eu ouvi falar que esse ano tem um monte de gente fazendo pra direito.
(...)
=

Não aguento mais essa conversinha. O vestibular representa 71,5% das conversas entre os jovens. Tá cada vez mais insuportável.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O destino dos baldes.

De que seriam os baldes se não fosse a água para enche-los? E, quando no futuro, as nações estarão em guerra pelo "líquido sagrado", os baldes sumirão? E as pessoas que trabalham nas fábricas de balde, para onde irão? E as famosas marcas centenárias de balde, sumirão todas sem deixar vestígios? Ou será que os baldes serão supervalorizados e começarão a serem produzidos com ouro e prata e adornados com pedras preciosas, como um artigo de luxo? Sim, pois só quem poderá ter um balde será uma pessoa de posses, pois, conseqüentemente ela terá a água.
Comecem a prestar mais atenção naquele singelo balde vermelho ou amarelo que há na sua área de serviço ou quintal, pois a função dele é extremamente honrosa. Não desprezem seus baldes, um dia vocês irão se arrepender.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Andem de ônibus.

Eu acho que as pessoas deveriam andar mais de ônibus sabe? Ultimamente eu tenho visto que elas se prendem à bolhas, num mundinho superprotegido e que ao mesmo tempo lhe faz mal. Eu conheço gente que nunca andou de ônibus, e acho que elas estão perdendo uma boa parte da vida. Andar de ônibus ensina a viver, nós vemos o mundo de um novo ângulo, sentimos cheiros novos (aquele perfume barato de R$5,90 da mulher que sentou ao seu lado), vimos o quão diversificada é a nossa cidade, podemos parar pra ouvir o silêncio das ruas quando saltamos naquela parada. Sim, as ruas, ao contrário do que se diz, são bastante silenciosas.
Ao andar de ônibus, conseqüentemente, andamos a pé. Andar a pé nos trás outra visão da cidade, uma visão que você não poderá ter nunca de dentro de um carro. Além disso olhamos pro céu, coisa raríssima nos dias de hoje. Quer um bom passeio? Pegue o Alto Santa Isabel às 4 horas da tarde e vá até o fim do percurso. É lindo.
-
Hoje, tive a oportunidade de ouvir um trecho de música clássica (não sei de quem era) de um carro caindo aos pedaços do lado da janela do Casamarela-Novatorre onde eu estava. Acho que ganhei meu dia por isso, saber que ainda há pessoas que tenham um nível musical decente.
-
ps.: são 17:17.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Anormal.

Eu ando sorrindo à toa, e isso não é normal;
Eu ando desconcentrada demais, e cara, isso não é normal;
Eu não tô conseguindo estudar em plena véspera de semana de prova; (ok, isso é normal, mas não é legal).
Eu ando gargalhando por qualquer besteira; e isso não é normal.
Eu tenho me sentido mais leve, e isso não é normal.
-
Não gosto nem de pensar na hipotése do que está acontecendo. Eu tô realmente com medo.
A carrasca.
Frutos de uma aula de matemática.

A buzina e o latido.

Era tudo silêncio, exceto por um latido que ecoava ao longe. Então parou. Tudo ficou mergulhado num silêncio ensurdecedor. O eco canino voltou novamente até que chegou a sua grande rival: a buzina automotiva. Assustou-se de início, mas não se deixou intimidar. Voltou a ecoar o seu latido por toda vizinhança. E dentro desse silêncio a disputa prosseguia infinita.

quarta-feira, 26 de março de 2008

"Mais respeito à minha TPM, porra!"
Coisa que dificilmente admitimos é que a beleza alheia muitas vezes incomoda.

Conversinha (alheia) 2

Em um certo banheeeiro:
- Menina, odeio fazer xixi menstruada.
- Realmente, é muito chato.

Conversinha

" - Menina, já visse que boca sexy a dele?
- É, mas tu já reparou no cabelo? Credo!
- Ah, mas você viu as mãos? TU VIU AS MÃOS?
- Ah, elas fariam um estraaago...
- Um belo de um estrago, amiga."

segunda-feira, 24 de março de 2008

Todos os meus instantes perdidos.

"Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos."

(Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado D'Assis)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Física.

Eu sempre tive um certa admiração pela física, apesar de ser uma completa leiga, física era a matéria de exatas que me interessava mais, mas hoje eu mandei a física pra merda.
Prestei atenção nas aulas, perdi todo o meu fim de semana estudando, e quando recebi a prova foi tudo por águabaixo. Um cú. Tentei resolver umas questões lá, passou uma hora quase de prova, e daí ele veio. Sim, o desespero tomou conta de mim. Me controlei pra não rasgar aquele infeliz pedaço de papel e jogá-lo no lixo, ah! me controlei MUITO. Era fora do normal a raiva que se abatia sobre mim, quem foi o FILHO-DA-PUTA QUE ESTABELECEU FÍSICA COMO DICIPLINA ESCOLAR?
e o pior, o professor ainda me pegou filando.

quarta-feira, 12 de março de 2008

No cursinho

Estava escutando Beatles quando vejo uma cena inédita. Um jovem passou na minha frente na tentativa de alcançar certa cadeira. Até aí tudo bem. Aparentava ter uns 17, 18 ou até quem sabe 19 anos. Cabelo ligeiramente comprido, castanho escuro, muito liso. Tonalidade da pele escura. Camisa marrom. Daí eu chego na calça: jeans, arriada, deixando a mostra uma repugnante samba-canção preta de seda com desenhinhos infantis coloridos.
Eu realmente não precisava ver isso.

Breve reflexão.

Tem aqueles dias, que sabe, a gente tem que parar pra pensar.
Bom, e num desses dias eu estava pensando no quanto as pessoas são pressionadas pela sociedade e vejo que eu sou uma grande vítima disso. É um absurdo como controlam as nossas mentes, mexem com o nosso pscicológico e transtornam a nossa vida.
São incríveis as manobras que o ser humano faz para ser incluso na sociedade, até para nós mesmo nos aceitarmos.
Bom, decerto, isso é infeliz.
Eu mesma me encontro num paradoxo sem fim que já me dura alguns anos. Entro em uma guerra com os meus próprios ideais e os ideias da sociedade em que vivo.
Acabo dessa forma me relacionando com uma folha de papel.

segunda-feira, 10 de março de 2008

"A burguesia fede." (Cazuza)

terça-feira, 4 de março de 2008

Sem nexo

Cria-se sempre uma expectativa. Um nó nos eixos. Uma malandragem romântica. Foi andando e encontrou uma motocicleta. Navegou-a e chegou lá. Lá nas estrelas calóricas. Foi e voltou rápido. A caminhada foi lenta, entretanto, chegou rápido. No caminho um peixe caolho a perseguia. Começou a se perguntar se ele era sincero, provavelmente tinha um nó nos ventres e um dente na bexiga. Encontrou ainda o capacete. Usou claro, não queria pegar Aids, apesar de Cazuza usar aquela bonita faixa nos cachos, onde as uvas já eram bem maduras. Tão maduras que resolveram fazer uma plástica. Ficou tão mal feita que a fez de novo e de novo, até sumir. Então que chegou, voltou pra cá, onde o boto a esperava. Apanhou uma flor e mastigou a primeira pétala, nada mal, cheirava a feto abortado.

[delírios numa aula de cursinho - resultado de um esforço pra não pegar no sono]

segunda-feira, 3 de março de 2008

Seres terríveis das 24 horas

Moscas são seres insuportáveis! Ah! Voadoras do inferno!
Tão repugnantes, nojentas e irritantes. Bichos insistentes. Não, não lhe darei um pedaço do meu pão. Nem tente me chantagear, pare de ficar pousando em mim!
Seres terríveis das 24 horas!
Acasalem em outro canto que não seja bem na frente da minha fuça!
Porra! Porque vocês, seres demoníacos, não entram em extinção?

domingo, 2 de março de 2008

Aula de matemática.

A primeira aula de uma quarta-feira. As 7 da manhã. A luz apagada, retroprojetor ligado. Metade da classe prestando atenção (a parte da frente). Metade da classe dormindo. E eu escrevendo.
Ângulos, circunferências, triângulos, senos, cossenos, ypicilones, xizes, retas, tangentes, hipotenusas e etecéteras matemáticos. Canetas frenéticas, canetas inutilizadas.
O óbvio próximo ao inútil. A desgraça em forma de números.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sociedade medíocre da qual me envergonho

Lugarzinho nojento esse. Pessoas metidas a besta. Patricinhas de merda. Filhinhos-de-papai descompensados. Criaturas esnobes. Ah! Um dia todos irão pagar pela arrogância que os deixaram dominar! És melhor que quem, seu belo filho-da-puta?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Como consegui a melhor nota de matemática da minha vida

Não, eu nunca fui boa aluna em matemática. Como eu sempre digo, meu negócio é letras e não números. Porém como todo estudante eu tinha que cumprir o exigente currículo escolar do meu colégio.
Lá estava eu, novamente as vésperas de mais uma prova trimestral, estudando como uma louca e empobrecendo meus pais de tantas aulas particulares já dadas. Nunca fico nervosa antes das provas, sempre tento relaxar, mas, neste dia em particular, eu estava irrequieta.
Deram-me a prova. Olhei-a com desprezo "Em que isto iria influenciar na minha vida? Em nada, como em tudo relacionado a números". Comecei a prova, trabalhosa, entretanto, eu sabia responder as questões. O professor estava presente na sala, formava-se uma fila de alunos na sua frente para que dúvidas fossem tiradas. Bom, resolvi tentar. O professor me apontou erros lesos, por pura distração, que provavelmente resultariam no meu futuro 3,5.
Dessa forma fiz uma bela prova e saí feliz com o meu desempenho.
Dias depois tive um sonho - tirava 9 nessa bendita prova, porém eu nem sabia quando seria a entrega das provas e muito menos tiraria 9, só em sonho mesmo.
Acordei e fui ao colégio ver mais uma triste aula de química e justamente nessa aula entregaram a prova de matemática. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que tinha tirado 9? Para alguém que passou a vida tirando 3, muitas vezes 1,5 e um 5 já era motivo de felicidade - 9 era uma coisa absurda. Completamente absurda. Era inacreditável. Eu estava quase chorando.
Cheguei em casa e meu pai passou por mim - "Pai, hoje sonhei que tirava 9 na prova de matemática" - o homem, conhecendo bem a filha que tinha e seus "dons matemáticos" respondeu irônicamente: "Continue sonhando" e se retirou da sala. Voltei a abordá-lo: "Mas pai, eu realmente tirei 9 em matemática!" - ele parou súbitamente com um ar perplexo e em questões de segundo voltou com o seu humor sarcástico de sempre "Ah, fala sério!". Retruquei: "Mas é verdade!", como se não acreditasse, ele falou debochadamente "Você tá brincando". Não era encenação do meu pai, ele não estava acreditando mesmo. Busquei então a prova e lhe mostrei.
Ele não sabia o que dizer, ficou pasmo, ele parecia estar em transe: não parava de repetir "Não é possível!", "Não é possível", "MAS NÃO É POSSÍVEL!".
Uma semana depois todos os amigos do meu pai já sabiam do meu 9 em matemática.


09/12/2007

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Carta para o futuro

" Bom, estou escrevendo isso porque sei que assim como tenho poucas lembranças da minha infância, sei que daqui a algum tempo também terei poucas da minha adolescência. É muito estranho pensar que no futuro não lembrarei do momento em que estou agora, parece absurdo. Eu estou na sala do 2º ano A do *Meu Colégio - um dia talvez, eu nem lembre mais qual é a sala. Então aí vai uma descrição para o futuro: é uma sala pequena, tem mesas-cadeiras amarelas, um quadro verde a frente, um lixeiro mais ao lado e uma porta azul à direita. Não sou uma das melhores alunas, mas esse ano pretendo me esforçar, logo sento todos os dias na primeiríssima banca. Agora eu estou esperando a professora de Geografia *Alberta, ela está grávida (mas não usa aliança!).
O Brasil está sob o governo do nosso companheiro presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele é um completo idiota e por incrível que pareça o Brasil tem melhorado... foram revelados nestes últimos anos todos os tipos de corrupções possíveis no governo, é tão indignante e a gente se sente tão impotente. Ao mesmo tempo nos Estados Unidos está havendo eleições presidenciais, os principais são os democratas Hillary Clinton e Obama. Eu, particularmente, acho Obama mais simpático, mas se Hillary ganhar tudo bem.
Recife é a capital mais violenta do Brasil, é triste saber disso porque espanta o turismo e Recife é uma cidade tão bonita...
Em relação a música, as de hoje em dia estão cada vez piores, algumas bandas se salvam, mas são raras, por isso eu sou adepta a legião (?) (é meio jegue isso da minha parte, mas enfim) das músicas antigas. The Beatles, The Who, Ramones e Nirvana fazem a minha cabeça.
Eu passei para o segundo ano raspando, fui para a reavaliação (se eu tiver esquecido: existe a recuperação do semestre, a recuperação anual e a reavaliação) precisando de 5,4 na prova e tirei exatamente isso, o professor ainda arredondou pra 6 e a matéria foi matemática. Exatas não me importa, vou fazer algo na área de humanas, muito provavelmente jornalismo, eu queria fazer também fotografia, mas na minha cidade não há faculdade, depois eu posso fazer um curso e me profissionalizar. Sei que essas carreiras não são as que dão mais futuro, mas é o que eu gosto*.
Meu cachorro está com 4 meses e minha cachorra com 9 anos, os dois têm mais regalias que eu.
Esse ano a B* foi embora para M* (e já começou a namorar o G*), ela tem feito muita falta, tenho me sentindo muito só, não sei explicar porquê. Bom, B2* e O* vivem juntas e o papo delas é sempre o mesmo.***
Eu tenho medo de perder as amizades, eu tenho medo de crescer e virar aquela adulta que não tem mais amigos porque vive com a agenda lotada e os mais próximos são os colegas de trabalho, eu REALMENTE não quero que isso aconteça.
Bem, para essa JB do futuro: espero que esteja casada porque esse é um dos meus maiores medos.
Comecei a fazer cursinho de português e sabe quem está lá? A L*, ou "tripa seca"! Lembra dela? Provavelmente só de nome, bom, uma descrição dela: ela é baixinha, ombros largos, sem peito, bunda ou cintura, a barriga diretamente ligada as pernas, cabelo ruim, olhos arregalados e uma voz rouca terrível, parece um homem. Tenho mais apelidos para ela (nossa, que coisa mais infantil!), mas o que pegou mesmo foi "tripa seca". É, provavelmente eu devo me lembrar que eu a detestava (e vice-versa) não só pelo fato dela ter agarrado Rodrigo, mas principalmente por ela me provocar de todos os modos e dos jeito mais infantis possíveis. Decididamente, ela não é párea pra mim.
Tenho esperança que um dia fique tudo na paz porque eu sou disposta a perdoá-la e mudar meu jeito de vê-la, mas até lá eu me caso com o Rodrigo*** ou mundo explode. A descrição feita da "tripa seca" é a mais verossímil e não porque eu tenho ciúme ou algo assim como muitas pessoas acreditariam. Já me disseram várias vezes que eu me tornaria amiga dela, bom, deverei saber se isso realmente aconteceu quando estiver lendo essa carta.
Acabo por aqui, tentei explicar o máximo possível do que há no presente. Talvez eu escreva mais dessas.

Uma lembrança do passado,
À mesma JB de sempre. "

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Camisinha para internet

Meu blog passou muito tempo desatualizado devido ao uso sem proteção da internet. É isso aí, eu estava tentando baixar um filme dos Beatles quando me aparecem várias coisas pornógraficas, um dia depois o computador simplesmente não ligou, ou seja, um belo de um vírus. É, com a minha desatenção o antivírus ficou desatualizado e deu nisso. Bom, neste momento eu escrevo de um computador alheio e aconselho a todos: não usem internet sem camisinha.