terça-feira, 29 de setembro de 2009

A disputinha

O embate travou-se no banheiro. Uma estava a admirar-se quando a outra chegou. Encararam-se. Uma foi ao sanitário; a outra continuou a mirar-se no espelho. Quando a primeira dirigiu-se à pia, a fim de lavar as mãos, a última tapou-lhe a passagem, fingindo distração. Tentou desviar da provocação, ziguezagueou e a danada da mulher não saia da frente. Resolveu usar outro lavatório. Encararam-se pelo reflexo do espelho. A que estava a se admirar jogava o cabelo para trás incessantemente como se quisesse dizer “olha, o meu é natural, morra de inveja, oxigenada”. A outra que lavava as mãos, desligou a torneira e ficou a brincar com o sabão, destacando bem as unhas, como se quisesse dizer “olhe as minhas unhas como são bem feitas e bem cuidadas, morra de inveja”. Ambas entenderam as provocações. Uma virou de costas para admirar-se “olha, eu tenho uma bela bunda”; a outra, desprovida, de fato, de nádegas, virou-se também de costas e ajeitou a calça, deixando a etiqueta de grife mais à mostra. Resolveram deixar o lugar na mesma hora, esbarraram na porta que era estreita demais para as duas e caíram de cara no balde d’água suja que a faxineira usara para limpar o banheiro. Sujou-se calça, cabelo, unha, espelho, chão, vaidade. Porque mulher tem mesmo dessas coisas.

17/08/2009

domingo, 27 de setembro de 2009

Ele!

Nosso “amigo” [termo duvidoso para caracterizar alguém que só quer te botar pra baixo] imaginário de questões provais.

Ele quer saber o gráfico da função. Ele quer saber a força peso. Ele tá pedindo a variação de temperatura. Você tem que saber o que ele quer! Ele não vai te dizer os valores. Ele vai te dar as constantes. ELE! ELE! ELE!
Quem é esse misterioso ele?!
Ó, Grande Ele, a quem tudo damos, a quem tudo respondemos, revele-se!
Ele se esconde por trás dos papeis, dentro dos livros, mas sempre nas provas é que ele faz questão de estar. Sempre oculto por trás das retas, sob os pontos, espremido entre letras e números, constantemente ordenando, pedindo, questionando.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mais um passeio de ônibus, Casamarela – Nova Torre. 6:30 p.m. 15/09/2009

Subo os degraus do ônibus, indo contra a lei da gravidade. Entrego meu cartão VEM, que é identificado através de ondas eletromagnéticas pelo sistema, ao cobrador, este usa grossas lentes em seus óculos, serão divergentes se for astigmatismo, ou convergentes se for miopia (?). Pronto, estabeleci um contato secundário, característico das sociedades, não das comunidades. Passo pela catraca, que suponho mover-se através de uma mola com força elástica determinada por Kx. A inércia age sobre mim e abro minhas pernas para aumentar meu campo de estabilidade, evitando assim, uma queda em meio às pessoas ali presentes, o que me levaria ao estado do ridículo podendo ocasionar traumas irremediáveis no futuro, podendo ser amenizados por um psicólogo. As moléculas de H2O se condensam e se precipitam. Não é uma chuva convectiva, mas sim frontal, ocasionada pelo choque entre uma massa de ar quente com uma massa de ar fria. As luzes acendem-se, estão ligadas com resistores em paralelo. A moça à frente agasalha-se, assim suas moléculas se agitarão aumentando a sua temperatura corporal interna, se essa temperatura aumentar além do normal as proteínas podem desnaturar-se levando o indivíduo à morte. Passo em frente a uma praça projetada por Burle Marx, conceituado paisagista. Noto que o transporte público (que de público não tem nada, pois temos que pagar) possui um sistema de ar refrigerado,este responsável pela sucção do ar e de seu respectivo resfriamento, não está funcionando. Puxo a cordinha que imediatamente produz um sinal sonoro que são ondas bidimensionais. Vou descer.
O vestibular está próximo.