sexta-feira, 6 de maio de 2011

E num dia de verão, a chuva engole a cidade. Verão? Ops, acho que abril já não é mais verão. É o costume de viver fritando nas calçadas e cozinhando nos ônibus. Parece sempre verão. Frente do Náutico. Propaganda da Zatara, que me lembra Zara, que me lembra Vivara. É preciso roupas, não jóias. No ônibus eternamente parado, três pessoas aguardam ansiosamente o momento de sair desse rio que virou a Rosa e Silva. O motorista, meu conhecido, coloca para nós, no rádio, um pagode bem feio. Agora, um sertanejo. Por que não toca nada que preste no rádio? Por que as pessoas não escutam nada que preste? Mediocridade musical. Frente do cinema. Acho que não vou aí tem uns três anos. Não tenho boas lembranças. Ah, como eu queria ir ao cinema, ver um bom filme. O trânsito não anda. Os motoristas buzinam como se isso pudesse fazê-los voar. E agora o ônibus resolveu cair em todas as crateras da avenida. Ótimo, assim posso treinar a minha coordenação motora. Se eu chegar na Federal, vai ser daqui a mais uma hora.

A chuva do dia 8 de abril

A chuva que vem do mar, do rio, dos lagos, cai sobre este enfadado ônibus. Escorre em pingos pelas janelas sujas, reflete a melancolia dos passageiros que já não sabem mais chorar. Cai de vez, cai fininho, chegando de repente como uma notícia triste.