quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Uma anônima na minha vida

Certo dia fui obrigada a ir pro colégio de ônibus. Estava chovendo, sentei então, encolhida, num batente perto da parada. Eu tinha esquecido o guarda-chuva, estava atrasada demais pra lembrar dele. Logo depois, chegou uma senhora que já devia ter seus sessenta-e-lá-vai-bolinha e colocou o guarda chuva sobre mim, protegendo as duas do chuvisco gelado. Ela era muito simpática.
Essa mulher me marcou profundamente. Ela talvez nunca irá saber disso, mas ela me tocou, ela se tornou um vestígio de esperança na minha vida. Até então eu estava desiludida com o mundo e quando essa senhora, muito simpaticamente, ofereceu seu guarda-chuva cor-de-vinho, eu pude notar que no mundo ainda existem pessoas boas. O mundo não está de completo perdido. E isso me deixou tão feliz, tão feliz que hoje posso ter, ainda que um pouco, mas muito mais do que antes, esperança nas pessoas. Minha incredulidade no alheio se amenizou.
Eu me emociono quando lembro do gesto dela, que parece quase insignificante aos de fora, mas que foi deveras importante para os meus ideais.

Que ela esteja em paz, esta boa senhora.




(Ela me lembrava muito, mas muito mesmo a minha vó que faleceu ano passado, talvez isso explique a minha afeição).

3 comentários:

The Blue Handkerchief disse...

A gente generaliza, mas ainda existem pessoas boas mesmo, apesar de ser muito raro encontrar uma. Principalmente nessa cidade.

Muito bom o texto.

Ursula Neumann disse...

é, as vezes generalizamos tanto que acabamos sem conseguir distinguir o que é exagero e o que é real.
Acho que temos que parar pra repensar.


e brigada, eu fiz esse texto direto no pc, geralmente não sou boa quando faço textos diretos no pc, sempre escrevo tudo a mão pra ficar mais claro.

Por mim o papel não acabará nem tão cedo. À velha e boa caneta: Longa Vida!

The Blue Handkerchief disse...

Isso ai, nada substitui as boas e velhas canetas.