Cá estou eu, tendo a minha primeira experiência noturna num ônibus. São quase 10 da noite, volto do Teatro Santa Isabel. Passo pela cidade - as ruas estão vazias, desertas, sombrias, simplesmente noturnas.
Sobram os mendigos na sombra, na praça, nas calçadas das igrejas, no vazio do cais, no meio do caos.
Na Conde da Boa Vista as lojas estão fechadas,as pontes dormem embaladas pelo rio cá abaixo.
O cinema São Luiz jaz despercebido pelos feirantes, estrelando como personagem principal de um filme que já saiu de cartaz.
O ônibus voa em sua pressa de chegar a Sabe-Deus-Onde.
O Parque 13 de Maio fecha os portões para a noite, deixando os casais em fogo à beira-rio.
E aquele cara ali lembra-me um velho conhecido.
No já-não-mais silêncio que a noite já foi um dia, as ruas rugem, cantam óperas os freios.
Burle Marx me aparece sob o viaduto cercado de bicho, de semi-gente, de quase-coisa.
O motorista tenta cansado descontar nas curvas a insatisfação do dia (por não ter conseguido um emprego melhor, uma esposa melhor, uma roupa melhor, uma vida melhor. E para isso existem as curvas, para desacelerar o coração humano.
E em noites como estas bares vão à falêcia, em noites como estas tudo acontece e ninguém sabe, pois a noite em seu escuro acende estrelas e esconde estragos.
Obs.: texto escrito dentro do ônibus.
8 comentários:
ficou lindo, muito bom,.
dani aí
22h não é hora de estar sozinha num ônibus!
Viajei contigo no ônibus, parabéns minha pirraia! :D
Muito, muito bom. Passeios noturnos são tentadores.
(ah, esse é meu ônibus)
HDOSUAHDHOSUDHSODHAOSUDHASD.
brigada pelo apoio gente, brigada por principalmente lerem meus textos. Vocês são demais, sem vocês eu não continuaria a escrever.
muito bom mesmo, adoreei.
brigada :)
Postar um comentário