Literatura.

Era um pacato almoço de domigo, já se estava na sobremesa. O assunto do momento era vestibular, no qual a moça sentada a mesa estava prestes a fazê-lo, porém muito indecisa para qual área. Durante a discursão ela falou por alto "E se eu fizesse literatura?" - o pai, cuja vida era baseada em livros, mandou-lhe um olhar sarcástico, como se fosse a piada do dia, voltou-se para a mãe e deu um sorrisinho irônico.
A moça, achando que tinha falado alguma besteira, perguntou confusa (pois achava que o pai iria gostar da alternativa sugerida) "O que foi? Qual o problema com literatura?", o pai respondeu apenas "Eu vou ficar calado". Agora, mais perplexa que antes, a filha indagou novamente "O que tem de errado com Literatura?" - após alguns momentos angustiantes a mãe tomou a palavra - "Não tem nada errado, seu pai queria muito que você fizesse literatura, mas ele não queria lhe influenciar".
Agora tudo se explicava, o pai ficaria tão satisfeito que a moça cursasse literatura que acabaria não querendo que ela o fizesse por sua causa.

Completamente paradoxal - você passa a querer tanto uma coisa que depois tem medo que ela realmente aconteça. Quem já passou por uma situação dessas entende.