segunda-feira, 24 de março de 2008

Todos os meus instantes perdidos.

"Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos."

(Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado D'Assis)

6 comentários:

marcelaa disse...

a idéia de ter sempre em mente o fato de que eu começo a morrer a partir do momento que eu nasci e que cada segundo que passa, significa um segundo a menos de vida me assusta
mas sabe...
eu que tinha mt preconceito com machado, achei fuderoso esse trecho.

marcelaa disse...

eita, marcela ai. hej

Ursula Neumann disse...

HUSIHAIHSAUHSUH

quem escreveu isso finalmente? marcela ou isabel?

preconceito com machado? ah, os livros dele são legaizinhos apesar de ter umas partes que são pura encheção de linguiça.
Eu gostei dessa parte, achei fuderoso mesmo. Tipo, é uma conclusão que todo mundo acaba tirando com o passar do tempo, não tem jeito.

The Blue Handkerchief disse...

é estranho pensar assim, apesar de ser a pura verdade. também não gosto muito de machado, mas esse trecho tá muito bom mesmo.

The Blue Handkerchief disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ursula Neumann disse...

HIUSHUAIHSIUHAIUSHUAIH

ah, eu gosto de machado, mas digamos que ele não seja meu autor predileto ;)